Resenha / Crítica: Rope / Festim Diabólico / Estados Unidos Da América, 1948 / Direção: Alfred Hitch
Bom Dia! "Rope" é um dos filmes mais famosos de Alfred Hitchcock. A película foi o primeiro filme colorido do cineasta. Foi todo realizado em tomadas contínuas de quatro a dez minutos (plano-sequência), tendo apenas oito cortes, e foi editado de tal forma que se tem a impressão que não houve cortes durante as filmagens. A trama se passa na cidade de Nova York, Brandon (John Dall) e Phillip (Farley Granger) assassinam seu amigo David Kentley (Dick Hogan), por considerarem-se superiores intelectuais em relação a ele. Além disso, na época da faculdade, os jovens se inspiraram com idéias e conceitos sobre o tema, tendo como fonte de inspiração o professor Rupert Cadell (James Stewart). Aliás, praticamente, a primeira cena do filme é a ocorrência do assassinato. Gosto da maneira que o diretor estabelece a relação entre os personagens e os objetos. David foi estrangulado com uma corda. Perfeito. No decorrer da película, temos um objeto de crime inserido em outros momentos na trama e carregado de força emocional e comportamental. Com toda a frieza e arrogância, Brandon e Phillip, resolvem provar para eles mesmos sua habilidade e esperteza: esconderão o cadáver em um grande baú, que servirá como mesa e estará exposto no meio da sala de estar do apartamento deles, durante um jantar que realizarão à noite. A história foi adaptada por Hume Crony de uma peça de teatro de Patrick Hamilton. Pesquisei na internet e para a minha surpresa a história do filme foi inspirada no caso Leopold-Loeb, em que dois estudantes da Universidade de Chicago cometeram um assassinato de forma bem parecida com a mostrada no filme (Fonte Wikipedia). Bom, temos um corpo escondido dentro de uma baú e um jantar com amigos à noite. Legal e detalhe importante: O filme todo se passa dentro do apartamento, o que deixa a situação ainda mais emocionante (Se É que você me entende...). Brandon é um cidadão muito inteligente, frio, meticuloso e ainda por cima é bem charmoso. Em contrapartida, Phillip é medroso, sensível, emotivo, o que deixará a situação ainda mais tensa. Aos poucos, os convidados chegam para o jantar oferecido pela dupla dinâmica. Contudo, é aguardada a chegada de David também. A trama alcançará um tom de fetiche ainda mais bizarro, pois temos na festa a namorada de Kentley - Janet Walker (Joan Chandler) e o seu pai - Mr. Kentley (Cedric Hardwicke). É incrível acompanhar a evolução do filme, pois nesse momento o espectador e os assassinos sabem que o corpo de David se encontra naquele baú. Será que, de alguma maneira, somos cúmplices desse crime horroso? Bacana, é bem parecido com uma peça de teatro. Os convidados nem sonham com a possibilidade de David estar morto e cada detalhe, movimento dos personagens é acompanhado com uma boa dose de expectativa e tensão. A película ganha ainda mais força com presença do professor Rupert. Aos poucos, o filme ganha muita força, numa espécie de caçada de "gato x rato". A atuação dos atores é ótima, com destaque para James Stewart, Farley Granger e, principalmente, John Dall. A parte final do filme é bem interessante, através de um importante detalhe mostrado ao espectador, imediatamente, o "nosso" olhar se transformará em relação ao desenvolvimento final da película. Hitchcock desvenda ao espectador uma parte importante da história naquele momento. Entretanto, de maneira alguma, o interesse do espectador diminui de intensidade, pois queremos ver o que vai acontecer no futuro. É uma sensação que não dá para se evitar, palmas para o diretor, com a sua técnica e sensibilidade, Ele manipula na "caruda" o público e nós o aplaudimos de pé. Bom, o filme ainda tem uma relação bem tensa com a maneira de pensar do personagem Rupert. Eu o defini como uma espécie de anti-herói maravilhoso, um personagem muito humano. Sensacional. Recomendo (Como se fosse necessário escrever isso.....rs).
Abs,
(Originalmente publicado em 27/09/2012).
