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Resenha / Crítica: Madame Bovary / França / 1933 / Direção: Jean Renoir


Boa Noite! Madame Bovary é um romance escrito por Gustave Flaubert, em 1857, prosador importante, Flaubert marcou a literatura francesa pela profundidade de suas análises psicológicas, seu senso de realidade, sua lucidez sobre o comportamento social, e pela força de seu estilo em grandes romances. Madame Bovary é o seu romance de maior sucesso e foi alvo de muitas críticas e censura pela sociedade burguesa da época. Flaubert também era burguês e ridicularizava a sua própria condição social. Em janeiro de 1857, Flaubert senta no banco dos réus, mas é absolvido pela Sexta Corte Correcional do Tribunal do Sena, em Paris, em 7 de fevereiro de 1857, através da argumentação do advogado Sénard. Mediante a curiosidade da época em saber quem era “Ema Bovary”, Flaubert responde apenas: “Madame Bovary sou eu". Esse é apenas um trecho inicial que separei no Wikipedia, mas que serviu como uma bela introdução ao filme idealizado e roteirizado pelo diretor francês Jean Renoir. Filho do genial pintor impressionista Pierre Auguste Renoir, Jean Renoir nasceu em 15 de setembro de 1894, Paris. Oriundo da época do cinema mudo, a grande fase do diretor começou durante a década de 30, quando se consolidou como um dos expoentes do realismo poético francês e um dos maiores cineastas de todos os tempos. Acompanharemos a resenha de apenas três títulos do diretor. Infelizmente, Eu estou sem dinheiro e não pude comprar mais títulos. Contudo, posso afirmar que ele está na minha lista de diretores prediletos. (Obs: Quem acompanha o blog sabe que essa lista ainda não existe...). Acredito que Madame Bovary deve ter sido uma escolha natural para Renoir tendo em vista a nítida conexão existente entre a obra escrita por Flaubert e o trabalho cinematográfico desenvolvido ao longo da carreira do diretor. Na película, estamos na França do século XIX. Emma Bovary (Valentine Tessier), filha de um camponês, casa-se com um médico da região - Charles Bovary (Pierre Renoir), visando ascender socialmente. Charles Bovary é interpretado pelo irmão de Jean Renoir. Aliás, não podemos nos esquecer que a família de Renoir é formada por artistas, sendo que esse é apenas um simples exemplo. Emma é uma ávida leitora de romances sentimentais, ela se frusta com a mediocridade do marido e com a monotomia da vida conjugal e da sociedade interiorana. Na película, não me recordo desse fato ter sido abordado, mas fica nítida a insatisfação da Sra.Bovary com a vida de casada. O seu desejo por uma maior ascensão social não diminuiu com o casamento. Como fuga dessa realidade, passa a ter vários romances. Aconteceu o contrário, a sua demanda por novas experiências, jóias, roupas e aventuras foi crescendo de forma gradativa. Infelizmente, não li o livro de Gustave Flaubert e não sei confirmar a veracidade da informação em relação a quantidade de romances da Madame Bovary. No filme, ela tem um relacionamento amoroso com Rodolphe Boulanger (Fernand Fabre), um Homem elegante, fino e, aparentemente, de consideráveis posses. Boulanger conhece a Sra.Bovary e a convida para um lindo passeio a cavalo. A encenação ocorre em campo aberto, ao ar livre mesmo, uma das características presentes na direção de Renoir. Charles Bovary é um sujeito simples, pacato e dedicado ao seu ofício de médico do pequeno vilarejo. Logo no começo do filme, ele fica viúvo de sua primeira esposa e não demora muito para conhecer a sua futura segunda esposa. Acredito que não seja agradável escrever isso, mas não tem como evitar a comparação entre a película realizada por Renoir e a película realizada pelo diretor francês Claude Chabrol. Aproximadamente, há um ano atrás tive o primeiro contato com a obra de Claude Chabrol e foi exatamente com Madame Bovary. Infelizmente, é impossível não realizar tal comparação, mesmo sabendo que a versão de Renoir é de 1933 e a de Chabrol é de 1991. Li na internet, que em breve, teremos uma nova produção da obra, o que já evidencia a sua relevância mesmo depois de tantos anos do seu lançamento. Verifiquei que o livro é umas das obras que contém o maior número de adaptações ao cinema. Na minha opinião ou preferência, a película realizada por Chabrol é sem sombra de dúvidas, infinitamente superior ao filme realizado por Jean Renoir. Acredito que seja importante escrever esse pensamento, por que se o leitor nunca assistiu a nenhuma versão do filme, Eu indico a versão idealizada pelo também mestre francês Claude Chabrol. Contudo, a película tem um alto valor cinematográfico, podemos perceber no filme vários elementos cinematográficos que no futuro se tornaram marcas registradas da câmera do diretor. Vamos lá. Mesmo assim, contra a super-ultra-hiper esmagadora maioria dos cinéfilos do Planeta Terra, não posso escrever que achei a película um ótimo filme. É verdade, a versão realizada por Chabrol teve um peso muito considerável na minha jornada, mas não foi o único motivo. Não gostei da atuação de nenhum ator, com exceção do passivo Charles Bovary (Pierre Renoir). O irmão de Renoir teve um desempenho muito interessante, gostei bastante, só não foi melhor por causa da direção mesmo. Os demais atores e, principalmente, a Sra.Madame Bovary não são nenhum pouco convincentes. No geral, Valentine Tessier teve um desempenho teatral demais com emoção de menos. Não posso me esquecer também de escrever que Renoir teve uma sólida formação em Teatro, sendo referência na França. Particularmente, tendo em vista que estou sozinho nessa avaliação, a atuação dos atores foi muito excessiva, mas não foi a fonte do meu desagrado. O problema foi que esse excesso foi se tornando irritante e retirou a profundidade da história que tem um conteúdo dramático incrível. Renoir também têm um humor bem peculiar e sutil, elementos que ele insere de maneira muito elegante nas películas. Ao meu entender não funciona muito bem, mas a visualização da película é muito interessante pelo fator histórico e, também, por ser um filme de Jean Renoir. Realmente, Eu acredito que um "filme ruim" ou desagradável de um grande diretor mestre sempre vale a pena. Para finalizar, não gostei da edição da película e dos cortes entre as cenas. Interrompeu a fluidez da película e prejudicou a consistência da história. Pessoalmente, a qualidade do filme também não está muito boa. Não sei se é um problema do filme que tenho em casa, mas a cópia tem muitos chiados, manchas e percebi que apareceu uma falha grotesca na cena. Ah, a cópia que Eu tenho é original, a Versátil é uma distribuidora que nem precisa de recomendações, os "caras" são muito feras mesmo. Enfim, valeu pelo registro e por ter visualizado mais características desse belo diretor. Recomendo a versão de Chabrol (Aliás, precisarei assistir mais uma vez). Jean Renoir recomendarei sempre.

Abs,

(Originalmente publicado em 15/11/2012).

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