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Resenha / Crítica: M. Butterfly / Estados Unidos da América, 1993 / Direção: David Cronenberg


Boa Noite! M. Butterfly é um livro do escritor de peças de teatro David Henry Hwang, que foi baseado na história real de um diplomata francês experiente e condenado por espionagem em 1986, depois de ter um caso de vinte anos com uma cantora de ópera chinesa. Madame Butterfly conta a história de uma gueixa que se apaixona por um americano. Por volta de 1870, o Japão era absolutamente isolado do resto do Mundo e por isso, uma expedição norte-americana é enviada com alguns oficiais para a terra do sol nascente a fim de estabelecer relações diplomáticas e de exploração econômica e política. Era comum nessa época, os oficiais "contraírem matrimônio" com mulheres locais até terminarem sua missão naquele país. E depois regressavam como se nada tivesse acontecido. Não foi diferente com a bela jovem Butterfly de apenas quinze anos e o tenente Pinkerton. Ele ofereceu casamento à jovem ‘por brincadeira’ até concluir sua missão diplomática, enquanto que a menina se apaixonou perdidamente pelo oficial da marinha. No filme, a trama se passa na China, e acompanharemos a história do contador René Gallimard (Jeremy Irons) na embaixada francesa. É uma época difícil, os Estados Unidos da América estão em guerra no Vietnã e não existe uma previsão exata do sucesso da investida armada. Gallimard é um homem muito sério, inteligente e tímido. É apaixonado por música clássica e ópera. Logo no começo da película, Gallimard assiste a uma apresentação de ópera que marcará para sempre a sua vida. Ele comenta com alguns colegas ocidentais que nunca assistiu a ópera Madame Butterfly e fica impressionado com a atuação de Song Liling (John Lone). Após a apresentação, um Gallimard ansioso aguarda a presença da instigante atriz oriental. Separei um trecho da conversa entre os personagens que achei bem interessante. "Foi uma atuação maravilhosa. "Obrigada". "Pensei que todas as cantoras de ópera eram senhoras gordas e mal maquiadas..." "A má maquiagem só existe no ocidente." "Nunca vi uma atuação tão convincente como a sua." "Convincente? Eu como uma mulher japonesa? Sabia que os japoneses usaram milhares de chineses em suas experiências médicas durante a guerra? Mas há algo de irônico em suas palavras." "Não, não... Bem...Não queria dizer isso. Você me fez ver a beleza da história. De sua morte." "É puro sacrifício. Ela não merece algo assim. O ama tanto...é muito bonito." "Ah, é? Pra um ocidental." "Se refere a que?" "É uma de suas fantasías favoritas, não? "A submissa mulher oriental e o cruel homem branco." "Bom... eu acho que não." "Veja desta forma. O que diria se uma mulher ocidental se apaixonasse...por um homem de negócios japonês? Eles se casam e ele desaparece durante três anos. Durante esse tempo, ela reza em frente a sua fotografia...e renuncia em se casar com um jovem Kennedy. Então, quando ela fica sabendo que ele se casou de novo, se suicida. Acredito que você consideraria a possibilidade de que essa mulher ficou completamente louca. Não é verdade? Mas se é uma oriental que se suicida por um ocidental, você acha bonito. "Entendo seu ponto de vista." "O único ponto de vista é que a música é bonita, não a história. Senhor..." Eu fiquei impressionado com esse trecho do roteiro. Espetacular. A película tem mais de uma hora e meia e em apenas alguns minutos a trama se transporta para a eternidade. Nessa altura do campeonato já está óbvio que Gallimard e a chinesa Song Liling desenvolverão um caso de amor. Contudo, o filme não trata apenas do amor poético ou trágico do casal protagonista. Como pano de fundo temos os aconteceimentos da guerra influenciando de maneira direta na embaixada francesa. Observaremos a transformação política e cultural da China naquele período também. A película também apresenta outras características de gênero de cinema, mas prefiro deixar o meu comentário ausente. É um filme com uma história muito cativante, poético e com uma ótima fluidez. Gostei da fotografia e figurino do filmes, mas nada que tenha me chamado muito a atenção. Jeremy Iron e, principalmente, John Lone desempenharam com muito destaque os seus respectivos papéis. Acredito que se você gosta de cinema, não tem como deixar essa história passar em branco. Lindo filme. Recomendo. Obs: A cena final é de arrebentar o coração...

Abs,

(Originalmente publicado em 30/10/2012).

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