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Resenha / Crítica: La Marseillaise / A Marselhesa / França, 1938 / Direção: Jean Renoir


Boa Tarde! "A Marselhesa" é uma película idealizada e roteirizada pelo diretor francês Jean Renoir. Ele teve a colaboração de Carl Koch e N. Martel-Dreyfus na elaboração do roteiro. O cenário da produção também é creditada a Renoir. Claude Renoir, sobrinho de Jean Renoir, é um dos assistentes de direção. O filme trata sobre a Revolução Francesa, temos a oportunidade de visualizar uma pequena parte anterior ao surgimento do movimento dos cidadãos de Marselha e, posteriormente, quando o movimento se tornou de fato uma Revolução, observamos a dinâmica do rei Luís XVI e da rainha Marie-Antoinette e de uma boa amostra dos súditos reais. O filme é considerado uma das grande obras-primas do diretor francês, sendo que "A Grande Ilusão" e a "Regra Do Jogo" são outros filmes que apresentam esse mesmo destaque. Como não podia deixar de ser a película é um filme muito interessante. É verdade que o tema da Revolução Francesa serve como uma fonte inesgotável de prazer e encantamento. Assisti a uma mini-série sobre a vida de Napoleão Bonaparte - "Napoleón". Acreditei ter realizado a resenha dessa mini-série aqui no blog, mas não localizei o post do seriado. O elenco é maravilhoso: Christian Clavier (Napoleão Bonaparte), Isabella Rossellini, Gérard Depardieu, John Malkovich, Anouk Aimée e outros ótimos atores. No momento, estou acompanhando alguns seriados televisivos e, assim que possível, realizarei a resenha dessa impecável produção. O imperador Bonaparte surgiu nos últimos estágios da Revolução Francesa o que nos faz pensar ou que a Revolução não conseguiu atingir o seu êxito ou que a sede de poder e sangue dos Homens ainda estava intacta. Enfim, afinal para que escolher um motivo sendo que existem tantas outras razões históricas e particulares a nossa inteira disposição? O filme se inicia com um epílogo muito interessante: "Crônica de alguns fatos que contribuíram para a queda da monarquia", o que confirma a minha premissa da obra não ter a pretensão de ser uma visualização definitiva dessa importante passagem histórica. Estamos no Castelo de Versalhes em 14 de junho de 1789, e cena inicial é de uma sutileza desconcertante. Temos a visualização da troca de guardas em posição de marcha. É lindo, de uma simplicidade e profundidade de um gênio. Esse tipo de lance que faz um filme valer a pena. Menos de 10 segundos e o cineasta te leva a Marte, e o espectador cai de cabeça na película. Bom, não vamos nos esquecer que estamos na época da emergente Revolução Francesa. A seguir, se desenvolve uma cena em que o Duque de La Rochefoucauld-Liancourt (William Aguet) pede um encontro com o rei Luis XVI (Pierre Renoir). Naquele dia, Guémigny era o responsável pela agenda do rei. Ele disse ao conde que o rei não poderia recebê-lo, estava muito cansado, tinha realizado uma caçada muito exaustiva. Rochefoucauld informou que o assunto era sério e a sua entrada nos aposentos de vossa majestade foi autorizada. Após uma breve encenação gastronômica - sutileza engraçada - Luís XVI é informado que os parisienses tomaram a Bastilha. O diálogo é o primeiro anúncio da nova era que está por vir. "É uma revolta?", pergunta o rei. "Não, senhor. É uma revolução". Pronto, o maior medo da maioria dos políticos ou empresários. Uma revolução. Fechamento da primeira cena. Agora, estamos num vilarejo de Provença, junho de 1790. A cena é linda, observamos um pombo, depois uma tribo de pombos (Não sei o coletivo de pombos e estou com preguiça de procurar agora, vai me atrapalhar...), se alimentando da colheita de um velho homem miserável conhecido como Anatole Roux - O Cabrito (Édouard Delmon). Ele monta um estilingue artesanal e consegue acertar um pombo logo na primeira tentativa. Imediatamente, um alto membro da guarda real e mais alguns soldados, foram em direção ao "Cabrito" e, sem maiores cerimônias, prenderam o velho que será julgado por matar um pombo de um magistrado que estava ao serviço do rei. Eu amo vários estilos de escrita ou narrativa cinematográfica, mas a combinação do cômico com o trágico (quando funciona de verdade) é uma experiência quase insuperável. Teremos o julgamento do Cabrito que é uma cena muito engraçada, é um trágico-cômico espetacular, além de ser um incrível termômetro das relações socais da época. Avançaremos mais um pouco, agora estanos em algum lugar das montanhas e introduziremos outros dois importantes personagens na história. Jean-Joseph Bomier - "O Almofariz" (Edmond Ardisson) e Honoré Arnaud (Andrex) são dois patriotas e, naquele momentos, estavam fugindo da justiça dos aristocratas. Eles não estavam fugindo da justiça. Arnaud e Bomier são personagens importantes na condução do filme de Renoir. No decorrer dessa jornada, observaremos o surgimento da Revolução Francesa que antes de ser um movimento armado foi antes de tudo uma Revolução de idéias. O filme apresenta várias passagens maravilhosas e contarei apenas mais duas cenas dessa viagem. A apresentação do hino " A Marselhesa" é maravilhosa e, aos poucos, ela vai se incorporando no imaginário da película. Existe um outro personagem que é um revolucionário alistado dos patriotas. Além de idealista, a sua principal ocupação é a pintura. Lindo, uma Revolução realizada pelo povo francês e, também, pelos artistas. Apesar do filme ter um tema onde a morte caminha sempre por perto, essa não é a proposta idealizada por Renoir. Visualizando o filme nessa ótica, fica inevitável não reconhecer "A Marselhesa" como um filme de extrema relevância. Temos inúmeras cenas inesquecíveis, o rei Luís XVI e o seu pequeno filho + as folhas de outono. E por aí vai, são inúmeras cenas que nos emocionam, de forma muito suave, mas com muita profundidade. Nesse filme, as interpretações teatrais e de conteúdo crítico social apresentaram um funcionamento perfeito. Definitivamente, é uma película que deve ser assistida muitas vezes. A trilha sonora é ótima, ainda mais com a presença de "A Marselhesa" que é, reconhecidamente, um dos mais lindos hinos do mundo. Bravo. Recomendo.

Abs,

(Originalmente publicado em 16/11/2012).

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