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Resenha / Crítica: Frenzy / Frenesi / Inglaterra, 1972 / Direção: Alfred Hitchcock


Boa Tarde! E, finalmente, chegamos ao último post dedicado a Alfred Hitchcock. "Frenzy" é o penúltimo filme da cinegrafia do diretor. É, também, a película que marcou o retorno do diretor inglês a sua terra natal onde não filmava desde a década de 30. Na trama, Richard Ian Blaney (Jon Finch) mora em Londres e trabalha num boteco. Após um desentendimento com o proprietário, Blaney é demitido. Ainda nesse começo de filme, percebemos que está nascendo uma paixão entre Blaney e a sua colega de trabalho. Entretanto, me perdoem, a descrição acima não é a maneira que o filme se inicia. Eu fiquei cativado com a abertura da película. O filme começa com os créditos iniciais (nomes dos atores, diretor, nome do filme, roteiro e etc) e a câmera está "voando" em direção a cidade de Londres, ao fundo uma suave música clássica e os com os créditos do filme ainda em ação. Ainda do alto, com a visão da câmera bem próximo a cidade, somos levados a ouvir um discurso de um político sobre o Rio de Londres. A água está suja, por culpa das indústrias e o político promete a limpeza do Rio e, em consequência, o benefício imediato para as pessoas da cidade. Que discurso bonito. A oratória continua mas, infelizmente, é interrompida por algumas pessoas que observam um corpo de mulher nua, morta, com uma gravata presa ao pescoço, boiando nas margens do Rio. Espetacular. E agora, candidato? Como é que limparemos essa situação? Ainda mais cômico é observar as pessoas comentando que esse é mais um "assassinato da gravata", com um comentário de que esse é um novo caso do Jack - O Estripador. Para fechar a tomada inicial, o político pergunta: "Ei, essa gravata não é do meu clube, é?". A câmera volta a mostrar a mulher, que encontra-se de costas, mas o importante na imagem é a gravata. Sensacional, segredo de mestre de Hitchcock. A cena corta e observamos o protagonista da película - Richard Ian Blaney - fazendo o nó de sua gravata. Inesquecível. Pronto, agora podemos voltar ao roteiro da trama. Hum, certo, Blaney está interessado por sua colega de trabalho Babs Milligan (Anna Massey), mas como ele acabou de ficar desempregado, esse encontro terá que ficar para uma próxima oportunidade. Blaney sai andando pela rua da cidade, provavelmente, um mercado local. É muito legal, a imagem é vista de cima, com as pessoas andando, a visão do comércio local, difícil explicar a sensação. Acho que é algo relacionado ao lance da perspectiva que é uma marca do diretor. E outro é o fato de que cada pessoa, imagem e objeto "estarem vivos" no filme. A relação do espectador não é apenas com o "filme". Você se relaciona com os objetos, "ângulos" é meio um lance de fotógrafo também. Vamos dizer que é uma espécie de voyerismo a la Hitchcock. No mercado local, Blaney encontra-se com um grande amigo - Robert Rusk (Barry Foster) - e, ali estabelecem um papo descontraído e informal. O fato importante é que temos um assassino da gravata a solta e o Chief Inspector Oxford (Alec McCowen) será o principal responsável pela investigação. Eu gostei demais do filme!!! Existem inúmeras cenas que Eu gostaria de detalhar aqui nesse post, com Hitchcock o espectador fica dessa maneira. Se duvida, é até capaz de sentir o cheiro da cena. O filme é suspense, ação, coroado com uma brilhante dose de humor. As cenas do inspetor com a sua mulher são impagáveis. Contudo, a cena que marcou demais a minha frágil memória, foi um "close" de, aproximadamente, uns cinco segundos num hall de entrada de um prédio. Mais uma vez, coisa de gênio, o cidadão é um dos grandes mestres mesmo. Bom, é isso, gostei muito do filme, só não me senti plenamente realizado com o final, mas nada que comprometesse a minha admiração com o filme. Recomendo.

Abs,

(Originalmente publicado em 27/09/2012).

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