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Revista ou Livro em Quadrinhos É Literatura? - Violent Cases / Roteiro: Neil Gaiman / Arte: Dave Mck


Boa Tarde! É com imensa alegria que realizarei o post da retomada das histórias em quadrinhos aqui no blog. E a oportunidade não poderia ser melhor para que tivéssemos como tema do post o primeiro trabalho da famosa dupla Gaiman-Mckean conhecido pelo nome de "Violent Cases". Neil Gaiman e Dave Mckean trabalham juntos há mais de vinte anos. Gaiman inovou e rompeu barreiras com a série Sandman, sendo essa um marco nas histórias em quadrinhos para o público adulto. Mckean criou cada uma das 75 capas da série e é nítida a sua contribuição para o conceito da série. A dupla também colaborou em "Orquídea Negra", "Mr.Punch" e "Signal To Noise". Violent Cases foi criada em 1987 e foi nesse ano que Gaiman e Mckean decidiram criar uma história em quadrinhos que pudesse ser lida por qualquer pessoa, uma história que fugisse dos moldes das HQs da época, algo distanciado dos elementos fantásticos de super-heróis, ficção científica ou terror, que eram o padrão vigente naquele tempo. Violent Cases foi originalmente realizada em preto-e-branco pela editora Titan Books. A primeira versão colorida da obra foi publicada apenas em julho de 1991 e, numa rápida pesquisa na internet, verifiquei que essa obra foi publicada no Brasil somente no ano de 2008. Na história, Mckean retrata Neil Gaiman como o narrador da trama. Bom, pode ser a minha fértil imaginação, mas o personagem é muito semelhante a Gaiman (Segue uma imagem do narrador da história e, por favor, tire as suas próprias conclusões). O narrador aparenta ter uns trinta anos de idade e começa a contar a história de sua infância. As suas memórias não são repletas de certezas e de fatos concretos e é exatamente esse tipo de narração, aliado a um trabalho gráfico de altíssima qualidade, que o leitor será exposto a todo o momento. A maior riqueza desse universo não são as certezas e, sim, as dúvidas da memória e do pensamento. O narrador lembra de uma situação vivida quando criança, lá pelos quatro anos de idade, o seu pai - acidentalmente - deslocou o braço da criança. Nessa época, pai, mãe e criança moravam em Portsmouth com os avós maternos. Após o acidente, o pai o levou para um osteopata que ele tinha ouvido falar. A aventura ganha fôlego, o velho médico era o osteopata de Al Capone. Através dessa premissa conheceremos o mundo real ou imaginário vivdo pelo narrador e toda a mística de Al Capone. O traçado é muito interessante, cheio de sombreados e confere um forte aspecto onírico a narrativa. Sensacional. No decorrer da história, observaremos alguns elementos característicos da obra de Gaiman. Música, referências ao cinema ( O Homem Que Sabia Demais, Falcão Maltês) e a sua nítida habilidade em construir um universo entrecortado e que dialoga com o imaginário humano e, até mesmo, com supostos elementos do inconsciente coletivo. Recomendo.

Abs,

(Originalmente publicado em 12/07/2012).

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