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Resenha / Crítica: A Separação / Jodaeiye Nader Az Simin / A Separation / Irã, 2011 / Direção: Asgh


A Separação, Boa Tarde! Dando continuidade a minha proposta de resenhar e criticar os filmes indicados ao Globo de Ouro 2012 - "Melhor Filme Em Língua Estrangeira", agora é a vez do filme iraniano "A Separação / Jodaeiye Nader Az Simin). Na minha recente função de blogueiro amador tenho como hábito ler a diferentes blogs, resenhas, críticas, comentários e etc. Gosto de ser influenciado pelas pessoas, sinto prazer em assimilar novas informações e comentários ao meu próprio repertório. É claro, procuro filtrar as informações que assimilo e expresso as minhas opiniões com o que Eu sinto de verdade no íntimo pessoal. Caracas, pelo visto, devo estar perto de anunciar uma bomba atômica. Ainda bem que as palavras não matam ninguém. É verdade que também podem servir para machucar bastante em algumas oportunidades. Engatilhado. A Separação é um filme iraniano que está surpreendendo o mundo todo, com críticas extremamente favoráveis na mídia especializada, sites, blogs e em qualquer lugar que você procurar alguma informação à respeito da película de Asghar Farhadi. É o quinto filme do diretor iraniano responsável pela produção e no ano de 2011 conquistou o Urso de Ouro por esse belo trabalho. A sua presença na cerimônia do Oscar é praticamente certa. Tendo isso esclarecido, vamos a resenha da produção iraniana. A história começa com uma mulher, Simin (Leila Hatami) que deseja se divorciar, para viver fora do Irã. O problema na situação toda é que ela deseja levar a sua filha de 11 anos, Termeh (Sarina Farhadi), mas a jovem não pode deixar o país sem permissão e consentimento do pai, Nader (Peyman Moadi), que fez questão de ser contra a situação. O início do filme é curioso, o casal está sentado em frente a um intermediador da justiça e Simin reclama sobre os direitos do pátrio poder - Poder paternal, poder familiar ou pátrio poder. Acredito que o tema família seja de interesse global. Nesse caso uma família iraniana. "Uau", ou seja, você é sugado para dentro da tela e acompanha cada detalhe da discussão e das futuras cenas. Simin relata que o marido é um Homem bom e honesto, ela deseja se mudar para o estrangeiro e não entende a negativa do marido ao pedido. Nader, no entanto, tem seu pai (Ali-Asghar Shahbazi) para cuidar, que está sofrendo de Alzheimer. Simin ainda quer sair, mas não sem a sua filha Termeh, um pouco tímida, de óculos que não pode aceitar a separação dos seus pais. Por isso, ela decide ficar com o pai, Simin não deixa o país, o amor que ela nutre pela filha é o único elemento que a segura em sua terra. No Tribunal, Simin relata que após 18 meses de luta e trabalho tiveram êxito em obter o visto para sair do país. Contudo, 6 meses já se passaram e agora só restam mais 40 dias para o visto obtido se expirar. Não adianta nada, sabemos que Nader se sente forçado, essa não é palavra que procuro para descrever a cena, ele se sente submetido ao poder paternal. Irônico, não é mesmo? Nader tem gravado nas entranhas de sua alma o mesmo conjunto de responsabilidades e direitos que envolvem a relação entre ele e a sua filha. Nesse caso, ele têm o compromisso com o pai que sofre com a doença de Alzheimer. Confesso que fiquei emocionado com a trama. Infelizmente, a minha avó materna teve essa mesma doença, acompanhei alguns momentos da sua enfermidade. No filme, podemos acompanhar os esquecimentos do pai de Nader. Dificuldades ao caminhar; Perda da capacidade em se comunicar e de reconher os familiares e pessoas próximas; Incapacidade total de cuidar de si mesmo e de sua higiênie básica. E por aí vai. Posso garantir que é muito triste e difícil presenciar tais cenas, mas também posso lhe assegurar que acompanhar alguém esquecer quem realmente "é" é umas das demonstrações de finitude mais singelas da natureza humana. Essa é a trama inicial da película. A partir dái, observamos a introdução de outros elementos a narrativa. Também fiquei decepcionado com o desenrolar da trama. Poxa, Eu queria ver a história dessa família, Nader, Simin, Termeh. Tudo isso, devidamente, detalhado e vivenciado na trama. É difícil, a lente de Farhadi nos convida a um outro olhar. Afinal, aonde estava escrito que essa era a trama principal da película. O próprio título do filme já é um tapa na cara - "Nimi and Simin: A Separation", melhor se acostumar com a idéia e seguir a viagem. Por essa razão e separado da esposa, mesmo que essa separação ainda seja informal, Nader é forçado a contratar alguém para cuidar de seu pai, e uma colega de Simin recomenda a grávida Razieh (Sareh Bayat).Sendo profundamente religiosa, ela não deve trabalhar na casa de um único homem, mas seu marido está desempregado há um longo tempo e é ameaçado de prisão por seus credores. Sua gravidez e a necessidade de atender a sua filha, adicionalmente, a expõem a situações de forte conteúdo emocional. No seu primeiro dia de trabalho, o pai de Nader faz xixi na calça. (Curiosidade: O pai de Nader não têm um nome na trama. Afinal, se você não sabe quem É, qual a falta que pode fazer um nome, não é mesmo?) A cena é muito bonita. Razieh tenta ajudar o velho, oferece roupas limpas e indica que ele deve tomar banho, se lavar e vestir a calça seca. Infelizmente, o pai de Nader pronuncia apenas duas palavras. "Sim" e "Simin". Razieh percebe que o pai de Nader não conseguirá realizar a pequena tarefa. Agora, ela se vê diante da seguinte questão religiosa: Ela poderá limpar o pai de Nader, trocar a sua roupa? Calma amigos, não é complicado resolver essa questão. Simples, Razieh pega o telefone, disca sabe se lá para quem, e faz uma consulta por telefone. O velho está meio demente, faz meia-hora que não consegue se limpar e pronto. Está liberada para colocar em prática um dos mandamentos de Alá. Todavia, o dia de trabalho foi cansativo para Razieh e no final do dia, ela comunica Nader que não conseguirá dar conta do trabalho. Nader fica muito desapontado, não tem com quem deixar o pai e no final das contas, Razieh, fala que avisará ao marido para entrar em contato com ele. Outro detalhe importante - Nader não poderá falar que Razieh trabalhou para ele na sua residência.(De repente, Nader pode ter pensado: "Beleza! Bom, "briga" de marido e mulher ninguém mete a colher. Eles que se entendam, Eu quero alguém para cuidar do meu pai, baby...).Combinado.<br /> No dia seguinte, o marido de Razieh, Hodjat (Shahab Hosseini) não pode comparecer a residência de Nader. Ela explica que o marido está enfrentando problemas com credores e que está preso na delegacia de polícia. Nader disse que precisa de alguém de confiança e que possa acompanhar o seu pai todos os dias. Razieh, tentará resolver o impasse e implorará para que o marido seja solto. Nader consente e diz "Alá os proteja". Nader chega em casa um dia para encontrar seu pai e Razieh não estava, deixando o sozinho e amarrado à sua cama. Uma luta com o Razieh retornando segue, com consequências catastróficas para todos ao seu redor. Esse é um momento importante na história, de maneira sensível o filme acrescentará elementos importantes na sua narrativa que serão observados como base para inúmeros questionamentos.<br /> O filme é muito bonito, uma história contada de maneira muito bela, com sutis questionamentos, valorizando a importância da família e da religião na formação de identidade de cada personagem. Chamo a atenção para alguns aspectos importantes na película. O diretor, habilmente, omitiu a revelação de alguns importantes acontecimentos, o que dificultará ao público a omitir opiniões e o forçará a adiar futuros julgamentos. Em suma, ótimo filme, revi o meu conceito a respeito do filme, mas não consigo apagar da memória que o tipo de tema pode ser tendencioso e possa favorecer a película a obter premiações. Posso citar vários filmes que apresentam uma narrativa "real" e que são belíssimos filmes, p.ex, Stella, Almoço em Agosto, Gigante, Vincere e por ai vai. Observo que o filme aparece como um grande favorito nas premiações. Acredito que não será injusto se conseguir o sucesso no Globo de Ouro 2012 e, quem sabe, até mesmo uma futura seleção e premiação no Oscar 2012. Entretanto, tenho outro favorito. Revelarei o meu palpite num futuro post.

Créme De La Créme

As cenas que, habilmente, não foram filmadas por Asghar Farhadi e que são elementos de força e se oferecem como base a pensamentos e argumentos. Abs,

(Originalmente publicado em 13/01/2012).

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