top of page

Filme: A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen, Alemanha, 2006)


//

Boa Noite! Hoje, é o primeiro post que escrevo a respeito de um filme. Pensei muito durante a semana e a pergunta mais persistente que apareceu na minha mente foi sobre o critério de escolha. Diretor preferido? Gênero? Filme? Ator? Atriz? Decidi não utilizar nenhum dos critérios acima e levei em conta o lado emocional para escrever sobre esse belo filme alemão. Assisti a "Vida dos Outros" no ano passado. No meu trabalho em Livraria, invariavelmente, alguns clientes-amigos, comentavam sobre esse filme, sempre com grande entusiasmo e animação. Resolvi assistir ao filme, gosto de filmes alemães, tenho admiração pela língua alemã e a cultura do país. Lembro que nessa mesma época, assisti ao brilhante "A Queda! As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang, 2004)".A Vida dos outros é ambientado na Alemanha Oriental de 1984 e traz em seu enredo as atividades da Stasi (Agência Nacional de Segurança) em torno de um autor de teatro e sua mulher, atriz de sucesso. A película levou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007, batendo inclusive o mexicano O Labirinto do Fauno. <br /> O professor Hauptmann Gerd-Wiesler (Ulrich Mühe) é o mentor das investigações e o Homem de confiança do governo. O filme inicia-se com uma "aula" de investigação aos seus alunos, onde apreendem através de gravações realizadas por um simples gravador. Nessa gravação, um suspeito é interrogado sobre um amigo e vizinho que fugiu para a República Federal em 28 desetembro de 1984. Hauptmann informa que há provas do seu envolvimento nessa fuga, o que é negado pelo investigado. Não me contou sobre o plano dele. Achei que tivesse voado a negócos. O sujeito é convidado a repetir, com detalhes, o trajeto realizado no dia 28 de setembro de 1984. Levei as crianças ao parque para uma caminhada, e corri até Markehner, meu colega do segundo grau e fomos juntos até a sua casa, escutando música, conversando até tarde. Pode ligar para ele e confirmar. Posso te dar o número dele. Hauptmann aperta o stop do gravador e diz aos seus alunos: Nessa gravação é possível perceber que ele está tentando confrontar o seu país com arrogância. Precisa paciência para jogar. Próxima parte é o interrogatório,são 40 horas. Vamos adiante e o interrogatório recomeça. Quero dormir. Me deixe dormir, por favor. Dormir? Precisa negociar isso com alguma coisa. Por favor, explique novamente o que fez no dia 28 de setembro. (Quase caindo da cadeira) Por favor, me deixe dormir por somente uma hora. Por favor, declare novamente o que fez naquele dia. Podemos escutar o investigado chorando copiosamente. Um aluno questiona esse método de investigação e disse que acha tudo isso uma crueldade. Hauptmann olha para o aluno, dá dois passos em direção a sua mesa, e com o lápis nas mãos, sinaliza com um "x" abaixo do seu nome. Provavelmente, o papel sinalizado seja uma lista com o nome dos alunos e uma breve avaliação do que é observado na sala de aula. É preciso ter cuidado, basta um "X" e você está fora da brincadeira. Hauptmann olha para a classe e diz: Um inocente, sendo tão questionado por algo que não fez, deve estar com raiva ou ser um suicida. Enquanto que um culpado se recusa a falar, ou começa a chorar, pois sabe exatamente porque está sentado lá. O melhor modo de julgar se alguém é culpado, é questioná-lo até admitir tudo. Vamos lá, play no gravador. Conhecemos Markechner no parque, então fomos juntos até a casa dele, escutando música e ficando até mais tarde. Tenho o telefone dele, pode ligar para ele e ele dirá que é verdade.(Investigado chorando, exausto de cansaço) Pause na fita. Hauptmann pergunta a seus alunos: Tem algo interessante para você nessa resposta? O aluno marcado com um "X" disse que é a mesma resposta observada na primeira vez. Hauptmann concorda e fala que o investigado não mudou sequer uma palavra. O que na verdade aconteceu não mudará independente de como foi descrito. Também há a possibilidade dele estar mentindo. Ele pode ter praticado na sua mente umas mil vezes. Na pressão não poderia aguentar. Existem outras técnicas para durões como ele. Vamos lá, mais uma rodada. Se nos dizer o nome do avião poderá ir para casa ver a sua esposa essa noite, se não, é a prisão que o estará esperando. É isso o que quer? O investigado chora muito. Qual o nome do avião? Quem é o dono? Diga de novo, mais alto. Resker. É o avião de Bernag Resker. Os alunos estão conversando e o "professor" pede silêncio. Hauptmann pergunta se os alunos estão escutando o som que aparece na gravação (É um som de um parafuso sendo desrosqueado. Hauptmann está retirando o pano do assento da cadeira e guardando-o dentro de um recipiente). Isto é para cães treinados, uma peça de roupa com cheiro do criminoso. Persegue cada interrogatório, será mantida em uma garrafa para sempre. Espionagem é a técnica comum mais usada em quase todos os países socialistas. Por favor, nunca se esqueçam disso. Bom Dia. Obrigado, Hauptmann, nunca iremos nos esquecer. No filme, o conflito moral que se estabelece no cotidiano do agente da Stasi Gerd Wiesler (Ulrich Muehe) faz a diferença entre a vida e a morte para o teatrólogo Georg Dreyman (Sebastian Koch) e sua mulher, a atriz Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck). Ele faz sucesso na Alemanha Oriental com suas peças que exaltam a luta proletária, um camarada acima de qualquer suspeita que usa um pouco de sua reputação para ajudar a livrar a cara de amigos menos crentes no sucesso do socialismo. Christa-Maria é um ícone do teatro que atrai para si a obsessão de um ministro de Estado Bruno Hempf (Thomas Tieme), que não hesitará em usar a Stasi para tirar o rival do caminho. Georg é um apaixonado pela arte, e tem como mentor o seu amigo Albert Jarska. Ele é um grande intelectual, o Homem das palavras, e está muito desiludido com o momento polítco que vive o seu país. Não se conforma com o fato das pessoas não terem em seu íntimo o anseio de serem livres. Segundo Albert, o ser-humano se acostuma com as coisas. Uma cena muito bonita no filme entre os dois é quando na festa de aniversário de Greg, realizada no apartamento mais do que grampeado, Albert, que está com um livro de Brecht em suas mãos, presenteia-o com o "Soneto dos Bons Homens". Hauptmann continua a sua investigação, anotando cada palavra do que se passa na residência de Greg. Descobre que Christa está tendo um caso com o ministro Bruno Hempf. A fim de que Greg veja o momento em que Bruno deixava Christa em casa, Hauptmann faz com que a campainha do apartamento seja tocada. Os toques da campainha são persistentes, Greg decide descer as escada e abrir a porta no hall de entrada. Ao abrir a porta, observa que a esposa está saindo de um carro escuro. Greg fecha a porta de entrada que estava entre-aberta e se esconde para que Christa não o descubra atrás da porta. Afinal, por que será que a sua esposa o está traindo? Pergunta mais do que intrigante. Tem uma outra cena muito interessante, Hauptmann consegue entrar no apartamento na ausência de seus ilustres moradores. Pega emprestado o livro de Brecht e lê uma passagem que diz:A cada dia de setembro o amanhecer era azul.Aquelas jovens árvores alcançando o céu, como o amor que floresce e cresce. Acima de nós flutuando o azul do céu. Com uma nuvem branca passando. Que com fé no seu coração nunca irá te deixar.O agente Wiesler é encarregado de esquadrinhar cada palmo da vida de Dreyman, e passa a acompanhar através de grampos e escutas espalhadas pelo seu apartamento cada segundo de seu dia-a-dia, deixando tudo meticulosamente anotado em relatórios que depois serão cuidadosamente arquivados em um daqueles armários de ferro. A princípio metódico em seu trabalho - afinal, é um socialista convicto, que leva a ferro e fogo o slogan da Stasi, "escudo e espada do partido" - a convicção de Wiesler começa a balançar quando ele percebe a verdadeira intenção do ministro ao ordenar a vigilância ferrenha sobre a vida do casal. Ao mesmo tempo, Wiesler começa a ver em Dreyman um ser humano que ele próprio não consegue ser, com amigos e inspirações fora do círculo político que controla sua própria vida. O marco de reflexão para o agente da Stasi chega a ser pueril. Atento em sua escuta secreta, ele se emociona ao ouvir junto com Dreyman a Appasionata, de Beethoven. "Alguém que escuta a Appasionata - que realmente a escuta - pode ser uma má pessoa?". Ou melhor dizendo, o que faz de um homem, um homem, e não um peão em um jogo de forças superiores? A pergunta vale tanto para o teatrólogo que ele espiona quanto para si próprio, e a partir daí Wiesler se reinventa e começa a ajudar o casal, omitindo ou modificando informações sobre os dois, protegendo-os, sem que eles jamais percebam. É um filme muito belo, diferente dos habituais filmes do circuito do cinema, mereçe ser visto com atenção e carinho. "Créme De La Créme" Hauptmann Gerd Wiesler (Ulrich Mühe). O filme foi premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2007. Nessa mesma premiação, Forest Whitaker foi premiado por sua atuação em O Último Rei da Escócia. Ulrich Mühe foi monumental nesse filme, merecia a estatueta. Urso de Ouro para Ele! Fonte de Pesquisa

http://www.imdb.com/title/tt0405094/<br /> http://www.ccba.com.br/asp/cultura_texto.asp?idtexto=938 (Grande parte do texto escrito foi extraído desse site. Realizei algumas alterações, adicionei idéias próprias ao texto. Crédito ao site e seus colaboradores, linda resenha.

(Originalmente publicado em 09/01/2012).

Destaque
Tags
Nenhum tag.

Parabéns! Sua mensagem foi recebida.

bottom of page